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MOSTARDA CASEIRA COM MEL

Feito com: 
Ana Bacellar

A minha caverna de tesouros do Aladim não ficava numa montanha escondida, nem tinha baús de pedras preciosas e moedas de ouro, ela era o quartinho da despensa do apartamento dos meus avós em Higienópolis com prateleiras cheia de comidas e ingredientes.

Como, nos anos 1960, o meu avô trabalhava na Sanbra, uma empresa imensa ligada à agricultura no Brasil, e fazia compras na cooperativa, a gente vivia de calças coloridas e pespontadas de brim Santista, os nossos lençóis e toalhas eram de algodão Santista, e com comida era a mesma coisa. A despensa vivia cheia de farinha, açúcar, óleo “salada” de lata listradinha de amarelo e preto, azeite, latas de doces em calda, tijolos de queijo prato, blocos de manteiga, café, latas de creme de leite, margarinas, linguiças, bacon, presunto e vidrinhos com tampas vermelhas cheios de mostarda Savora.

Com uns 7 anos, eu já gostava tanto dos vidros de mostarda que juntava os vazios, que continuam comigo e hoje estão cheios de especiarias. Minha avó adorava mostarda, tanto pra comer com bife à milanesa com salada de batatas, como nos sanduíches de presunto e queijo, como pra usar no strogonoff e na maionese, tanto que, pra mim, a senha mágica pra entrar na despensa era “mostarda pra maionese”.

A mostarda era quase pastosa, saborosa e picante como deve ser, era de um amarelo escuro e queimado, nada daquele amarelo vivo de mentira das mostardas das bisnagas das lanchonetes.

Nos anos 1960 e 1970, a Savora era a única mostarda que havia por aqui, era um luxo e eu me encantei com ela. Depois, nas cervejarias e restaurantes alemães, conheci a mostarda escura, que comia com pão integral, rosbife e kassler, mas entendi o que era mostarda pra valer quando, acho que com uns 13 anos, comi umas colheradas de uma Dijon à l’ancienne, cheia de sementinhas, que uns tios trouxeram da França. Nunca mais a deixei de lado, sempre tenho pelo menos três potes diferentes na geladeira e vivo atrás de novidades.

Há uns 20 anos, li uma matéria sobre mostardas caseiras numa revista francesa, com mil dicas e receitas pra preparar a sua pasta, então peguei os meus livros, aproveitei ensinamentos preciosos de 2 ingleses sobre condimentos e 1 específico de mostarda e fui experimentar.

Ousei, fiz, refiz, peguei o jeito e terminei com alguns potes de mostardas variadas, deliciosas, perfumadas, mais ou menos picantes e incrementadas por ervas, especiarias, grãos de mostarda, mel, melaço de cana e muito mais e adorei brincar de mostarda. O vinagre é importante, capriche na qualidade.

Preparar o condimento é muito fácil e rápido, pode levar 10 minutos ou um pouco mais, o que leva tempo é o descanso, já que só depois de uns 20 dias a mistura se suaviza, amadurece, os ingredientes se mesclam e some qualquer gosto ou textura de poeira.

Apesar de mostarda em pó não ser dos ingredientes mais fáceis de se achar, procurando sempre se encontra, por isso insista. O mais difícil mesmo é esperar os 20 dias. Servir um sanduíche com a sua mostarda, a maionese caseira e o ketchup caseiro deixa qualquer hora de lanche com jeito de festa.

INGREDIENTES

  • ½ de xícara (chá) de mostarda em pó (60 g)
  • ¼ de xícara (chá) de vinagre de vinho branco (60 ml)
  • ½ xícara (chá) de mel (100 g)
  • 1 dente de alho bem picadinho (5 g)
  • 2 colheres (chá) de sal
  • Pimenta-do-reino

PREPARO

Coloque todos os ingredientes numa tigela média, misture com um batedor de arame até obter uma pasta homogênea, transfira pra um pote médio, bem limpo e seco e que feche bem.

Deixe a mostarda descansar na geladeira por pelo menos 15 dias, ou por até 1 mês, antes de consumir (sem repouso, a mostarda fica com um sabor muito forte e com um gostinho de poeira no fundo).